sexta-feira, 11 de julho de 2008

Fahrenheit


E carrego comigo, e sempre, alguma coisa de todos esses homens que passaram por mim. Cada um, especialíssimo ele dentro de si, me contaminou com as mil facetas presentes num homem. Às vezes me confundo na hora, tento entender sua especialidade, mas numa recordação de um outro dia, sei identificar cada um.

Uma hora um músico, um jeito único de ensaiar um canto tímido querendo que cada Sol daquela cifra presenteie aquele momento. Outrora um verso, poeta calado que treina sua repetição nunca antes apresentada. Que privilégio estar na sua primeira fila, sozinha nesse teatro repleto de talento.

Já provei também sabores: alecrim, manjericão e canela. Caçarolas me mordam. Me pega assim pelo estomago e chega direto no coração. Não dá tempo nem da cabeça racionalizar esse sabor.

Teve você também, sotaque carioca. Que em duas palavras me levou. Me fez crer em astrologia e sonhos, fez eu procurar cartomancia e novos valores. Tu homem safado, cheio de ginga, me enganou. Mas que engano? Enganaria-me 1.000 vezes, sem querer nunca mais acertar.

Lembro agora do meu melhor amigo. Tem você, meu grande melhor amigo, que me desafia dia-a-dia, me questiona, me põe de castigo, mas sempre me deixando eu ser eu. Tua confiança, teu amor sem juras, teu amor sem juros. Homem com local cativo, com vista pro mar. Carrego-te no bolso, no verso, na alma.

Tiveram os outros tantos, alguns deixaram beijos e carne, outros palavras, outros deixaram exemplos. Teve o problema, teve encenação. Pouca literatura, mais transpiração. E não me esqueço, teve também aquele que no silêncio falou, talvez o mais belo de todos eles: me confundiu. Carrego-te ainda, porque nunca falamos de nós, tu mal fala de ti. E carrego diariamente esse teu mistério, de menino se tornando homem, esperando um dia nos reencontrar pra eu me desentender com essa minha razão de entender. Quero te ver assim, cheio de si, cheio de mim, mas sem as palavras.

Agradeço a todos pela exposição única de quem vocês são pra mim, até muito mais do que são pra vocês. Porque usam a arte da conquista, conquista de amigo, ou de amante, ou talvez será apenas uma passagem, vocês usaram a arte de ser tudo isso de verdade sem saber. Eu creio, eu vi, eu senti: foi tudo verdade mesmo.

Mas admito, por fim, com a alma entregue que entre todos esses lindos e apaixonantes homens que habitam meu ser, admito que você com seu olhar certeiro, seu orgulho de homem-homem, seu respirar apaixonante, você com esse seu cheiro de
Fahrenheit, você foi meu grande primeiro amor. Amor puro e singelo. Você PAI, me encheu de amor, de coragem, de respeito, de fé e saudades. Sempre saudades.


2 comentários:

patsan disse...

muito lindo seu texto, muito mesmo, e para quem a acompanha assim, tão de pertinho, como euzinha...risos!
Acho que reconheço nas frases personagens de sua própria historia!!!
te amo minha amiga!
seguimos juntas essa caminhada de descobrimento de corpo e de nossas almas!!!

aruanã bento disse...

O melhor de tudo que eu já li sobre você. Fiquei com inveja, orgulho, raiva e admiração. A arte é algo que torna a nossa pele transparente e todo mundo pode ver a nossa alma. Você faz isso com coragem e talento. Continue assim moça. Se existe uma coisa melhor que escrever para os amigos, é ler sobre eles. Parabéns.